a popularização da inteligência artificial é intencional; e tá causando vício na gente
delegar tarefas para ia só aumenta a distância entre quem gera valor de verdade (a gente) e quem explora e acumula riqueza (que não é a gente)
Primeiro a gente foi usando inteligência artificial pra resolver umas tarefas chatas no trampo e, depois, já tava usando pra aprender uma coisa nova ou resolver questões pessoais. Tem até uma galera usando pra desabafar, pedir conselho, buscar consolo ou só pra diminuir a solidão.
Uma pesquisa da Talk Inc. sobre como brasileiros e brasileiras tão usando ia no dia a dia revela umas informações interessantes… e preocupantes.
60% das pessoas entrevistadas dizem conversar educadamente com inteligências artificiais, como conversariam com um ser humano, e 1 em cada 10 usa o chat como amigo/conselheiro para trocar e resolver questões pessoais e emocionais.
“Eu falo como se tivesse falando com uma pessoa. Eu cumprimento o GPT. Eu penso: 'se ela tomar consciência, ela pensa que esse cara é gente boa'. Eu não ofendo, não exijo, sempre agradeço, peço por favor.”
(Homem, Curitiba)
A gente tá vendo o que era pra ser só uma ferramenta virar um substituto emocional. Não é coincidência que as pessoas estão buscando por refúgio, não temos tempo pra quase nada que não seja vender nossa força de trabalho.
Diferente de um familiar ou uma amizade, o ChatGPT é projetado pra nunca te questionar, não se irrita e nunca te frustra. E aí fica tentador escolher o conforto previsível da máquina no lugar da complexidade real das pessoas.
A própria ideia de coletividade tá sendo desmontada com a tendência (artificial) de hiper-personalização dos produtos que a gente usa, o “eu” é o novo produto que essas empresas estão investindo bilhões para popularizar.
E nessa, fornecemos dados sensíveis sobre nossa personalidade gratuitamente; ou pior, pagando uma assinatura pra usar os serviços, enquanto as grandes corporações transformam esses insumos em mais produtos.
Pra transformar essa ferramenta em algo emancipador precisamos fortalecer nosso conhecimento sobre a tecnologia: entender os limites, os vieses e as consequências materiais do uso excessivo. Temos que socializar infraestruturas, investir em pesquisa pública e exigir transparência e controle democrático sobre como os modelos são desenvolvidos.
Sem esses passos, delegar tarefas para ia só aumenta a distância entre quem gera valor de verdade (a gente) e quem explora e acumula riqueza (não é a gente).
A gente só vai conseguir fazer isso se organizando 🚩
E, por favor, não cai nesse papinho de que a gente quer boicotar ou lutar contra o avanço tecnológico tipo ludistas. Nosso objetivo é fazer as coisas direito, o problema é que o capitalismo tem outros planos.