colonialismo digital na construção de data centers no Brasil
apesar de parecer uma ótima oportunidade de geração de empregos, quem lucra mesmo com isso é o setor imobiliário e big techs estrangeiras
O Brasil está caminhando para se tornar o paraíso da tecnologia, mas não pra nós.
Recentemente o ministro Fernando Haddad se encontrou com Microsoft, Amazon, Google e Nvidia para oferecer isenção quase irrestrita de imposto de importação para as multinacionais de tecnologia construírem seus data centers aqui no Brasil.
Os data centers são grandes complexos industriais projetados para abrigar milhares de servidores e equipamentos de rede que processam, armazenam e distribuem dados em escala global. Pra que a gente consiga acessar os sites e aplicativos pra pagar conta, pedir delivery ou fazer um pix, são necessárias inúmeras salas climatizadas, cheias de máquinas que exigem enorme consumo de eletricidade e água para refrigeração.
Apesar de parecer uma ótima oportunidade de geração de empregos qualificados, na verdade essas estruturas gigantescas precisam de menos de 100 pessoas para funcionar e prestar manutenção, enquanto as equipes de TI trabalham alocadas remotamente de outros países.
Quem lucra mesmo é o setor imobiliário com a construção e aluguel destes espaços 💸🏗️
Nosso país cede solo, energia e água a custo reduzido, enquanto entrega o controle sobre uma quantidade imensurável de dados da nossa população para empresas de fora sem sequer exigir transferência de tecnologia.
Quando a gente lembra que praticamente todo site ou plataforma digital que desenvolvemos no Brasil é dependente do serviços de nuvem e processamento dessas mesmas Big Techs para funcionar, fica claro que a gente tá num sistema de exploração dupla.
E tem uma coisa ainda mais perigosa nessa aproximação com o governo estadunidense; existe uma lei que permite que o governo de lá tenha acesso a todos os dados que sejam armazenados por empresas com sede nos eua, enterrando qualquer resquício de soberania digital do nosso país.
Sem consulta popular e sem debate sobre impactos ambientais, estamos assistindo o governo construir uma infraestrutura tecnológica que explora os recursos do nosso país para exportar o capital para empresas estrangeiras sem ganharmos nada em troca 🫠
Essa lógica colonial que mantém o Brasil como território de extração digital, ambiental e econômica precisa ser denunciada e combatida. Ou a gente constrói a nossa própria infraestrutura, ou o Brasil vai seguir como coadjuvante da inovação alheia – um país que fornece espaço físico e recursos naturais, mas abre mão de construir o próprio futuro.