demissão em massa no itaú
desde quando cliques, quantidade de abas abertas e uso de memória no notebook viraram indicadores de produtividade?
A essa altura você já deve estar sabendo da demissão em massa que rolou no Itaú semana passada, mas não vi ninguém comentando sobre a coincidência disso rolar só duas semanas depois dos trabalhadores do banco aprovarem um plano de luta contra demissões e fechamento de agências 👀
No Encontro Nacional dos Funcionários do Itaú que aconteceu em 22 de agosto, o sindicato já denunciava que a digitalização e o uso de inteligência artificial estavam servindo pra demitir e vigiar trabalhadores.
E aí, menos de um mês depois, o banco demite cerca de mil pessoas que trabalhavam em modelo híbrido ou remoto sob a justificativa de quebra de confiança e baixa produtividade – mesmo tendo lucrado R$ 26,6 bilhões só no primeiro semestre de 2025.
tão inventando métrica aleatória pra medir produtividade
Quem trabalha com programação, design ou análise de dados sabe que boa parte do nosso tempo é dedicada a pensar, investigar soluções, discutir hipóteses e ler documentações.
Na nossa área, produtividade de verdade se mede pela qualidade das entregas e impacto real no produto. Indicadores como número de cliques, memória do computador em uso e quantidade de abas abertas são falsos sinais de atividade e ignoram completamente a natureza criativa e intelectual desse trabalho.
E já que existe um sistema de avaliação no trabalho remoto que estava mensurando o trabalho dessas pessoas há meses, por que esses funcionários não foram sequer advertidos antes de serem demitidos?
O problema é que o capital não reconhece o valor social do trabalho, apenas o seu preço de mercado. Demissões em massa como essa servem pra reduzir custos imediatos, valorizar ações, recontratar por salários menores e, ao mesmo tempo, pressionar quem ficou a trabalhar dobrado por medo de rodar também.
Essa notícia do Itaú repercutiu bastante porque o que antes atingia principalmente agências físicas e áreas operacionais chegou na bolha tech. Demissões em massa no setor de TI são cada vez mais frequentes, mas ainda existe essa falsa sensação de segurança e promessa de altos salários que impede de nos enxergarmos como parte da classe trabalhadora.
dev também é classe trabalhadora
Do lucro dos bancos ao computador que você usa para trabalhar, tudo isso só existe porque a classe trabalhadora produz, em conjunto, as condições materiais e técnicas para que essas estruturas se mantenham.
Quem trabalha na bolha tech também precisa somar na luta coletiva, disputar consciências e trabalhar pela superação desse modelo de sociedade.
Bora se organizar pra superar essa lógica e construir um modelo que funciona pra nós?




Eu viro do avesso com essas métricas aleatórias, a pior invenção desde o fit cultural.