sucesso das big techs estadunidenses é resultado de dominação econômica e política, não de superioridade técnica
google, apple e openai até oferecem bons produtos, mas a hegemonia dessas empresas se explica, sobretudo, pelo monopólio e poder político
Tá rolando um movimento na europa para diminuir a dependência tecnológica de big techs dos estados unidos, com vários países investindo dinheiro público para criar sistemas operacionais, buscadores e IAs de código aberto e hospedados em servidores estatais. A frança, por exemplo, empacotou vários projetos open-source num design system próprio e tá criando alternativas para produtos do google, microsoft e open ai.
É interessante ver a união europeia se posicionando contra o monopólio das empresas estadunidenses. Mas parece que são incapazes de se livrar do eurocentrismo de sempre, já que estão ignorando países da América Latina, Ásia e África nesse projeto
O mais frustrante é que o Brasil já teve protagonismo no software livre, mas perdeu espaço por falta de financiamento estatal e de uma política consistente de soberania digital. Ao deixar de investir em infraestrutura própria e desmontar centros de pesquisa, o país aceitou a promessa de “modernização” importada, pavimentando o caminho para que empresas estrangeiras lucrassem bilhões com produtos que poderiam ter sido desenvolvidos aqui.
A imposição das big techs estadunidenses é resultado de dominação econômica e política, não de superioridade técnica.
A gente precisa desmascarar o discurso que atribui o sucesso das big techs apenas à qualidade técnica. Claro que apple e google oferecem bons produtos. Mas a hegemonia dessas empresas se explica, sobretudo, pelo monopólio de infraestrutura, força econômica, pressão diplomática, lobby internacional e capacidade de ditar padrões globais.
Quando uma universidade pública brasileira armazena (e entrega) os dados de pesquisa de milhares de estudantes no google drive, não faz isso porque não existem alternativas tecnicamente viáveis. É porque existem políticas públicas, licitações e interesses privados que empurram o país para essa dependência.
Imagina um cenário em que profissionais de tecnologia e design param de disputar vaga em startup gringa e começam a se organizar em torno de um objetivo coletivo: construir a soberania digital do Brasil ✨
Um movimento assim nasce da articulação entre sindicatos, associações, coletivos de desenvolvedores, designers, comunicadores e universidades. Organização política para fazer pressão sobre o estado para priorizar software livre, reivindicação de editais públicos que estimulem projetos locais, criação de hackathons populares com orientação social e redes de apoio para formação técnica.
Tudo isso com o compromisso de compartilhar código, documentação e metodologias com outros países do sul global – abrindo espaço para trocas, alianças e somar forças contra essa dependência 🚩
Mas… enquanto a gente se contentar em só consumir tecnologia, o país se limita a aceitar soluções prontas e desenhadas pra atender a lógica do mercado externo. O Brasil precisa retomar a cultura do software livre e construir sua própria infraestrutura digital, com financiamento público e participação ativa da classe trabalhadora.
E o que não falta é gente qualificada, tá? 🫵
Discussão importantíssima!!
Vocês podiam fazer uma edição com iniciativas de software livre existentes no Brasil!