trump usa tarifas para atacar o pix
cada profissional de tecnologia precisa compreender o tamanho da responsabilidade histórica que este momento impõe. afinal, somos trabalhadores de um dos setores mais estratégicos nas próximas décadas
Diante da ofensiva estadunidense, fica evidente a fragilidade da nossa soberania digital e a urgência de recolocá-la no centro do debate público.
A essa altura você deve ter visto que, no dia 15 de julho, o escritório do representante comercial dos eua abriu uma investigação para apurar se o Brasil teria adotado práticas discriminatórias ou prejudiciais ao comércio estadunidense.
Uma das coisas mais bizarras disso tudo é que, aparentemente, usar infraestrutura de pagamento própria do seu país é uma prática desleal pra essa galera aí. De acordo com o comunicado:
“O Brasil também parece se envolver em uma série de práticas desleais com relação a serviços de pagamento eletrônico, incluindo, entre outras, aproveitar seus serviços de pagamento eletrônico desenvolvidos pelo governo”
Tem gente fazendo malabarismo mental pra justificar esse ataque à nossa soberania, mas ficou claro que é o governo dos eua saindo em defesa dos interesses da sua burguesia e empresas como visa, mastercard e até o whatsapp pay.
O modelo de negócios das bigtechs e bancos estrangeiros sempre dependeu da captura de taxas, da venda de dados e do controle dos sistemas de pagamento. Ao criar uma alternativa nacional, o Brasil subverte a ordem tradicional do mercado financeiro internacional.
Essa investigação e as tarifas de Trump não se justificam por critérios comerciais e o interesse dele nem de longe é combater supostas ilegalidades. O objetivo é forçar a abertura total do nosso mercado financeiro e digital aos interesses estadunidenses, pressionando o Brasil a abrir mão do mínimo de soberania conquistado.
Nesse cenário, a família bolsonaro e governadores aliados, acostumados à subserviência, agem como intermediários da pressão externa, sacrificando os interesses do nosso país em troca de migalhas. Sem falar em criadores de conteúdo fazendo vídeo pra defender que "os estados unidos só estão preocupados com a nossa democracia" 🤡
O pix é prova de que o Estado pode, e deve, inovar e disputar protagonismo tecnológico. Mas ainda é pouco. Precisamos entender que tecnologia não é neutra e divulgar cada vez mais a importância de superar esse papel de apenas consumidores de empresas gringas. Só existe soberania digital onde existe infraestrutura nacionalizada.
Cada profissional de tecnologia, cada designer, cada gestora ou gestor de produto precisa compreender o tamanho da responsabilidade histórica que este momento impõe. Afinal, somos trabalhadores de um dos setores mais estratégicos nas próximas décadas. Além de se especializar na sua área, busque entender sobre os impactos da política no mercado que você atua.
Essa “investigação” é apenas um componente de uma ofensiva maior – e uma oportunidade para refletir sobre nossa atuação no cenário mundial no campo da tecnologia e soberania digital.
E quem bate palma pra tarifa não defende liberdade e nem o Brasil.